Gosto do mês de Maio. Sim. Tenho mais predilecção por uns meses que por outros. Não é por acaso. Há sempre uma data, uma referência boa ou má, que faz com seja assim.
No entanto, este ano, o quinto mês tem-se manifestado com alguma alteração de "personalidade" e talvez seja isso que tenha também, de alguma forma, contribuído para a nostalgia que me tem assolado ultimamente...
Foi assim, que, numa tarde destas, sem querer, dei comigo folheando o álbum de fotografias que há muito não abria...
A primeira, ao colo da minha mãe, quando assistia embevecida e radiante, àquele circo de rua, itinerante, que mostrava ao público as habilidades de um pequenito símio envergando um minúsculo vestido vermelho com pintas e que acudia pelo nome de Bélinha.
Mais algumas e a minha entrada na escola. Tinha medo. Era um caminho novo e desconhecido! Só a mão da minha mãe, que eu apertava com força, me concedia um laivozito de segurança. O medo era inerente e proporcional à falta de confiança que sempre tive em mim própria. Não sei explicar. É sempre assim inicialmente, mas depois, desaparece.
A seguir, a fotografia de grupo. A minha primeira professora que eu admirava tanto e as minhas amiguinhas. Ainda hoje lembro as datas dos seus aniversários e recordo com saudade as brincadeiras ao ar livre que duravam até que a minha mãe gritava: - Z......, vamos jantar.
E esta, tão engraçada. Pensei. Rostinho sorridente. Uma felicidade imensa com cada avaliação recebida. Uma compensação valiosa pelo empenho e brio colocados em cada trabalho realizado.
E aquela do meu avô, curvado sobre si próprio ou sobre o tempo? Sempre o conheci assim.
Outra. Do meu pai. Rosto cansado e crestado, mas sempre com um desapertado sorriso.
Esta, da minha maninha mais nova. Pequerrucha e moreninha envolta numa mantinha branca, recém-chegada à nossa casa, nos braços da minha mãe.
E ali, a maninha mais velha, que desempenhou tantas vezes, o papel da minha mãe...
Outra, outra e mais outra... Um álbum de vida com tantas, tantas fotografias que não tirei...