Tarde soalheira de Outubro. Depois de um longo passeio, descansei sentada naquele paredão, virada para o mar, pernas caídas balouçando devagar.
Perdi a noção do tempo, era quase pôr-do-sol!
A beleza e a tranquilidade daquele lugar eram estonteantes. A brisa agitava ao de leve o meu cabelo e suavizava o meu rosto!
Imaginei que estavas comigo, coladinho a mim, como se fossemos um só. Sempre sonhei partilhar contigo os meus melhores momentos!
Não sabes como é deslumbrante a forma como o mar e a areia se amam... deslizam suavemente como se se acariciassem, serpenteiam, dançam, afastam-se e voltam a encontrar-se num abraço impetuoso!
E repetem, vezes sem conta, este ritual do amor!
Por fim, arrebatador, numa onda crispada de desejo, o mar envolve-a completamente... Sublime!
Naquele instante, único, nem o céu nem o luar, nada, pode perturbar dois verdadeiros amantes!
A seguir regressa a calma, a quietude, apenas a brisa, apenas o cheiro intenso a maresia!
E, de novo, a mesma dança, o mesmo fulgor...
A noite que já caíra, entretanto, permitiu-me observar que os raios de luar que neles mergulhavam, emanavam um brilho que só quem ama pode reflectir!