Tudo acontece numa infima parte do tempo, do tempo que conta nas nossas vidas, num segundo, ou até menos - num momento!
Num pequeno instante captamos ou sentimos. Depois, demoramos mais ou menos a processar a informação recebida. Muita dela nem a chegamos a processar, a valorizar, a dar atenção porque não queremos ou porque não sabemos.
Numa infíma parte do tempo, do tempo que conta nas nossas vidas, podemos dizer que fomos felizes... um segundo ou até menos - um momento!
O medo que carregamos do passado e que projectamos no futuro, condiciona e não permite que apreciemos o que nos é oferecido em cada instante: um olhar, um sorriso, um beijo, um abraço, uma palavra...
Porque tendemos a sobrevalorizar as coisas más e a menosprezar aquelas que nos podiam fazer felizes?
Muitas das atitudes que tomamos são ditadas por uma conduta que queremos que os outros apreendam. Esquecemos que o fio condutor das nossas vidas deverá ser, deve ser sempre, a coerência connosco próprios. É a nós próprios que não devemos mentir, que não devemos omitir.
Porque nos esquecemos ou não temos sempre presente que o tempo não pára?
Não valorizar o que acontece em cada momento não é perder... é não ganhar!
Não ganhar a possibilidade de ser feliz!
Tarde soalheira de Outubro. Depois de um longo passeio, descansei sentada naquele paredão, virada para o mar, pernas caídas balouçando devagar.
Perdi a noção do tempo, era quase pôr-do-sol!
A beleza e a tranquilidade daquele lugar eram estonteantes. A brisa agitava ao de leve o meu cabelo e suavizava o meu rosto!
Imaginei que estavas comigo, coladinho a mim, como se fossemos um só. Sempre sonhei partilhar contigo os meus melhores momentos!
Não sabes como é deslumbrante a forma como o mar e a areia se amam... deslizam suavemente como se se acariciassem, serpenteiam, dançam, afastam-se e voltam a encontrar-se num abraço impetuoso!
E repetem, vezes sem conta, este ritual do amor!
Por fim, arrebatador, numa onda crispada de desejo, o mar envolve-a completamente... Sublime!
Naquele instante, único, nem o céu nem o luar, nada, pode perturbar dois verdadeiros amantes!
A seguir regressa a calma, a quietude, apenas a brisa, apenas o cheiro intenso a maresia!
E, de novo, a mesma dança, o mesmo fulgor...
A noite que já caíra, entretanto, permitiu-me observar que os raios de luar que neles mergulhavam, emanavam um brilho que só quem ama pode reflectir!