"- O que mais o surpreende?
- Os Homens!
Perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
Pensam ansiosamente no futuro e acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido!"
(Dalai Lama)
Era alegre, muito alegre! Chegou em bando e foi-lhe recomendado que teria de escolher e demarcar o seu espaço. Assim fez.
Um pedacinho de barro... e mais outro. Ops... caíu. Há que refazer tudo de novo. É sempre assim. É preciso recomeçar. Aliás, é imperioso recomeçar só assim se pode continuar. Mas aquela andorinha era demasiado perfeccionista! Ela não olhava, ela contemplava embevecida, a obra que aos poucos ia construindo.
Sem dar por isso, perdeu tempo demais. Era tempo de acasalar e ela não tinha terminado o seu ninho. As suas companheiras já estavam a nidificar e a sua "obra de arte" continuava por concluir.
Os primeiros "piu, piu, piu", começaram a irromper dos ninhos vizinhos e ainda aquele não estava pronto...nunca iria estar pronto!
Aquela andorinha perdera-se no caminho!
No final do Verão, as outras partiram em bando familiar. Ela ficou. Não tinha construído nada! Encontrava-se sózinha e estava triste, muito triste, não tinha ânimo, o tempo passara e ela não dera por isso!
E não foi o destino. Foi a escolha. Entre o amor e o medo ela escolheu o medo e este paralisou-a. Medo de falhar, medo de ser forte, medo de não conseguir superar os obstáculos e, por isso, numa vertente unidimensional não foi além da parte material.
Mas durante todo o tempo em que ela ficou sózinha, naquele Inverno, dentro do ninho para se proteger do frio rigoroso, pensou muito e desenvolveu uma nova relação - aprendeu a amar-se! Saíu de si própria, abriu as portas ao mundo e descobriu a única realidade que existe: a realidade do momento, livre do medo.
Descobriu, também, que os que estabelecem objectivos têm mais probabilidade de os alcançar, sobretudo se provindos do coração!
O perfeccionismo é inimigo da felicidade!
Naquele período de solidão aquela andorinha descobriu tantas coisas em que antes não reparara!
Descobriu que podemos sempre mudar a maneira como interpretamos o que acontece à nossa volta: há sempre uma oportunidade diferente de compreender o mundo!
O medo apresenta múltiplas faces: perfeccionismo, obsessão, insegurança, timidez....
Esta andorinha aprendeu com o(s) erro(s) e... nunca mais será a mesma!
Reconheceu os malifícios do medo e, decididamente, escolheu o amor!