Um jardim magnífico! Flores, muitas flores, muita cor, muito perfume! Não havia arbustos, não havia sombras...
O requinte do perfume das palavras, a cor do olhar, a tonalidade do sorriso, fizeram com que duas flores desse jardim idílico, se encontrassem.
Os seus canteiros eram diversos e distantes, mas elas comunicavam exalando o seu perfume.
O entusiasmo duma pela outra foi crescendo, crescendo, apesar de...
Havia peças que não encaixavam, fiapos que escapavam, sílabas, palavras e frases demasiadamente vazias!
É estranho..., pensava! - Não. Não pode ser. - Dizia para com ela! Estava tão extasiada com o perfume que olhava mas não queria ver, ouvia mas recusava-se a escutar.
Foi então que pensou, parou e constatou o que não queria!
- Oh! Ela parece real mas não é!! Ela não é verdadeira!
A flor que, mesmo exalando um perfume estonteante em seu redor, era artificial!
Essa flor representava!
Magoada, triste e machucada a flor natural, fechou-se nas suas pétalas!
Naquele instante, toda a sua seiva se transformou em lágrimas copiosas, disfarçadas, também elas, de pequeninas gotas de orvalho...
Enquanto soluçava, murmurava baixinho o velho ditado nipónico: - O problema não foi teres-me mentido... o problema é que nunca mais vou confiar em ti!!
A nossa mente é fértil em criar ídolos, imagens, personagens,... Basta uma voz, um olhar ou, até, nada disso... apenas palavras! Sim, apenas palavras para começarmos imediatamente a conjecturar o seu autor!
Desenhamos, pintamos e colorimo-lo com as cores da paleta da nossa imaginação! Insipiente, mas já é sonho! E, não sendo real, só tem dons... chegam a ser mágicos! Há muita magia nos nossos sonhos!
Magia que umas vezes dura mais outras vezes dura menos. Tão pouco, às vezes, que nem tivemos tempo sequer de os concluir, retocar, como era nosso desejo!
Como crianças que se divertem, desfazendo construções de areia, há quem se divirta, impiedosamente, desfazendo os nossos sonhos!
Porque será que há seres (humanos) que não gostam de participar dos sonhos dos outros?
Porque destroem esses sonhos?
Pior, ainda, porque se divertem com essa destruição?
Não há na sua consciência uma voz conselheira que alerte, que impugne esse comportamento desviante?
Porque sonham sozinhos?
Porque consistem os seus sonhos apenas em destruir?
Porque lhes apraz o sofrimento?
Um dia, tarde demais, talvez, vão perceber que ninguém, mas ninguém mesmo, vai querer partilhar um simples sonho com eles!
O quanto é bom sonhar, assim, nunca vão saber!