Era ainda madrugada quando um som de fundo me chamou a atenção. Como provinda do céu, uma doce e suave melodia ecoava suavemente!
Levantei-me e, pé ante pé, procurei a sua origem. Só um anjo pode tocar assim! Pensei.
- Oh! Não! - não podia acreditar. Não era verdade.
De costas, sentado ao piano, os seus dedos ondulavam sobre as teclas que, reconhecidamente, devolviam ao ambiente, aquele som divinal!
Pressentindo os meus passos, olhou na minha direcção, sorriu e disse carinhosamente:
- Gostas? É pr'a ti! - e continuou!
Caminhei em silêncio. Uma lágrima atrevida, não me deixou responder. Num abraço de ternura, envolvi o seu pescoço e... inalando o seu cheiro, sentindo o seu calor, delicadamente, acariciei os seus cabelos perfumados!
Acordei nesse instante!
A chuva miudinha, caindo lá fora, batia, suavemente, na janela do meu quarto...
Dependemos dum número imenso de pessoas para satisfazer as nossas necessidades em termos de alimentação, habitação, saúde, segurança, trabalho e tantas outras.
E no campo afectivo? Quando crianças, a dependência é total. Mas, à medida que o tempo passa, começamos, aos poucos, a conquistar autonomia:
- Não mãe. Eu consigo sozinho! - quem é não ouviu já esta frase? Isto é natural e é bom. É necessário.
Na vida, cada um de nós tem de conquistar o seu próprio espaço. O pior, às vezes, é saber mantê-lo. Não o deixando alienar.
No campo do relacionamento entre duas pessoas, estar dependente é estar numa situação de inferioridade, de obrigação! Repare-se que utilizei a palavra "relacionamento" e não relação, propositadamente. Não são a mesma coisa!
Duas pessoas mantém uma relação, se cada uma respeitar o espaço, o tempo, as amizades, os gostos, e até o silêncio da outra. Se isso não acontecer, uma só tem direitos e a outra só tem deveres, é porque aí já entrou a dependência... Qual serpente no paraíso!
Estar dependente é estar preso e, o amor é, só pode ser... LIBERDADE!
O amor é, em tudo, semelhante a uma flor! Sem espaço, sem luz, sem água e sem nutrientes, por certo, não viverá!
No mesmo canteiro do jardim onde, diariamente, passeamos, todas as flores parecem iguais.
Contudo, reparando bem, há sempre uma pequenina diferença.
É essa diferença que faz com que cada uma seja particular, especial, às vezes! Mais ou menos perfume; mais ou menos cor; mais ou menos singeleza; mais ou menos fragilidade... só a beleza é comum a todas!
A forma de descobrir essas diferenças é olhar mas ver, dar atenção. Depois é só valorizar, enaltecendo através do elogio, o que cada uma tem de mais belo!
Ah! É muito importante não esquecer: é necessário cuidar! Cuidar diariamente!
Só assim poderão continuar a compensar-nos com a sua graciosidade!
No ano que passou, no mês de Janeiro, fomos presenteados com um dia diferente! Um manto da cor da paz, da cor da pureza, cobriu de neve toda a cidade, num espectáculo maravilhoso e gratuito!
Hoje, foi o sol que nos surpreendeu, aquecendo suavemente os nossos corações!
É assim também, na vida... há sempre, em cada dia, uma surpresa para nós!
Não as vemos às vezes, é certo, mas porque não sabemos ou então, simplesmente, porque não queremos, tão empenhados e absorvidos que estamos em ver só o mal!
Em cada jornada diária do nosso caminho, encontramos sempre um gesto delicado, uma palavra afável, um sorriso carinhoso, um olhar ternurento, um elogio, um agradecimento,... pequeninas acções, eu sei mas, se valorizadas, contém em si mesmas um efeito inigualável!
Contudo, antes de mais, é necessário querer ver e, depois, valorizar e retribuir esses pequenos gestos!
Se possível, tomar a iniciativa... ser o primeiro a dar!
Comece hoje mesmo a tomar esta filosofia de vida. Trata-se de um sonorífero com efeito garantido. Acredite!
No céu ...
Vou pintar
Com estrelas de cores,
Na terra...
Vou escrever
Com pétalas de flores,
E para ti...
Qual oração,
Vou dizer baixinho,
É teu, só teu
Meu coração!
Hoje o sol não brilhou nem emanou aquele calorzinho tenue próprio desta época; as aves não cruzaram o céu e também não emitiram qualquer chilreio; as flores não abriram nem exalaram o seu perfumezinho delicado; o orvalho não secou,...
É Inverno. E no Inverno é assim, pensei ao anoitecer!
Enganei-me. Afinal fui eu que olhei, mas não vi... não reparei. Tudo foi igual a si mesmo. Infalivelmente igual!
Nós, frágeis seres humanos, fracassamos, tropeçamos, caímos... e o nosso estado emocional condiciona sempre, o nosso comportamento!
Na natureza nada é complicado; na natureza tudo é tão simples!!
Que mais me faz sofrer?
Não sei...
Se o escuro da tua ausência,
Se a luz da tua presença,
Ofuscada pela sombra densa
Da tua inusitada indiferença!
O nosso equilíbrio emocional depende sempre, de alguém a quem confiamos os nossos erros, as nossas debilidades, os nossos sonhos, as nossas pequenas vitórias ou derrotas, os nossos projectos,...
Mesmo que essa pessoa nos critique, nos faça ver o outro lado da moeda, aceitamos de bom grado. Ser amigo não é estar sempre de acordo!
A confidencialidade é absolutamente necessária, mas restrita.
Os aspectos particulares da vida das pessoas só a elas dizem respeito! Ninguém se deve intrometer!
Já quanto à filosofia de vida, ela emana naturalmente! Vê-se. Basta observar.
Há pessoas cuja ideologia nos surpreende pela negativa...
Contudo, outras há, que cada detalhe, na sua forma de caminhar é, em tudo, semelhante, a uma caixinha de surpresas... dela saem rosas perfumadas, lenços coloridos, pombas brancas,...
Encontramo-las, ocasionalmente, uma vez, depois outra e mais outra; sem querer, reparamos nelas! São assíduas, pontuais, assertivas, ... e, para tanto, disciplinadas!
Passam a habitar o mundo do nosso conhecimento... Damos-lhe um nome, uma profissão,...
Achamo-las lindas em gestalt!
Um dia, sem querer, descobrimo-las, no seu "habitat" e o nome não era aquele e a profissão também não! Não importa, a surpresa foi agradável!
Pequenos pormenores levam-nos a descobrir almas tão puras, que parecem imaculadas, irreais! Seres humanos cuja filosofia de vida tem por base a confiança, a entrega, a dádiva, a criação, ...
Pela forma de caminhar nasce no seu caminho, um trilho de diamantes!
O tom da sua voz tem efeito terapêutico e os fármacos são doces "olás" revestidos de sorriso!
Estas pessoas são como os trevos de quatro folhas: raramente se encontram!
Será que quem as encontrou reconhece a sorte que teve?
O tempo é incontrolável! O tempo não pára!
O tempo controla-nos, essa é a realidade!
Tempo de nascer, tempo de entrar na escola, tempo de casar, de ter filhos, de trabalhar, de não trabalhar, ... tempo de morrer!
E, nós, em contrapartida, queremos controlar o tempo!
Mas, nada mais podemos fazer que tentar medi-lo mecânicamente e, assim criámos os segundos, os minutos, as horas, os dias, ...os meses os anos! Numa sucessão infinita!
É então que, ao fim de doze meses, chega o Novo Ano!
Para o tempo nada acontece. Prossegue apenas no mesmo ritmo imparável!
Feliz 2007! Feliz Ano Novo! Um Ano Novo cheio de amor, paz e saúde, ... É o que mais se ouve nesta altura!
Fica bem dizer estas frases! Conheçamos ou não conheçamos as pessoas, desejamos que elas tenham um Bom Ano!
Isto é lindo!
Mas, a felicidade não vem do exterior, ela está dentro de cada um de nós! As pessoas ou são, intrinsecamente, felizes ou não são! A felicidade está em coisas tão pequeninas que nem todos as conseguem ver!
Se cada um de nós, enquanto é tempo, perceber que a luz do sol é maravilhosa, a chuva é uma benção, ter saúde é o melhor bem que podemos ter; pensar previamente, se os nossos actos vão prejudicar terceiros,...
Se estivermos bem, em cada dia, com a nossa consciência, cada olhar terá mais brilho, cada sorriso será mais puro, haverá mais cumprimentos, mais tolerância, mais solidariedade, mais altruísmo, mais humildade, mais generosidade,...!
É isso, é tudo isso, que fará com que os votos que fazemos uns aos outros, de um Feliz Ano Novo, tenham um significado autêntico, verdadeiro!