Dentro de pouco tempo vem aí um Novo Ano!
Aqui e ali as pessoas comemoram!
Mas o que comemoram as pessoas?
As dificuldades que ultrapassaram? Os momentos menos bons que superaram? A saúde de que desfrutaram? O emprego que tiveram? A estabilidade? O carinho e a companhia dos familiares e amigos? A amizade? O amor?
Ou será que (quase) nada disso é valorizado e a comemoração constitui, um apelo à realização de sonhos utópicos situados, algures, num futuro distante e incerto?
Pior, ainda, é se festejam (por vezes, com excessos), para esquecer durante, pelo menos, escassas horas, mágoas, dependências, submissões, falta de coragem, ...
A nossa vida é um caminho! Um caminho de sentido único! Nem marcha atrás é permitida! O que foi feito foi feito e o que não se fez perdeu-se, definitivamente!
Não vivemos no passado nem no futuro! Nem sequer no hoje! Apenas no ínfimo instante que duram um sorriso, um olhar, um olá, uma carícia, um beijo! Bens duradouros que não se encontram disponíveis no mercado de transacções! Não se compram nem se vendem, apenas se dão! E se forem verdadeiros são como as pérolas: eternas! Duram para sempre!
Hoje, não quero falar de hipocrisia, não!
Quero acreditar nas pessoas!
Quero pensar, apenas, que na incredulidade, no cepticismo, no preconceito, no egoísmo, na arrogância,... com que nos deparamos ao longo do ano, há uma história de vida que contribuiu para petrificar esses corações!
Saibamos, então, usar o escopo infalível da amizade e do amor e, dessas pedras toscas, surgirão diamantes lapidados que reluzirão, também!
De madrugada,
No leito ainda deitada,
Chorei de tristeza!
Ao longe...
O dlim, dlão, do sino da igreja
Fez-me lembrar
Que depois da minha morte
Não mais tenho a sorte
De o ouvir repicar!
Há palavras
Que não são apenas sons!
Tons de paleta
Pintam cada letra
Com a cor
Do amor!
Espírito de Natal
Verdadeiro
É dar ,
Mas amor,
O ano inteiro!
Já todos, um dia, tivemos contacto com pessoas que nasceram com alguma incapacidade física ou intelectual e que, por isso, transportam em si alguma diferença!
Há pessoas que, de forma total ou parcial, são incapazes de ver, de ouvir, de andar, mas vivem ou convivem com esse déficit e são felizes! Não se deixam abater, lutam com as armas que elas próprias criaram e são adoráveis!
No entanto, há uma incapacidade que não se vê, só se sentem os danos irreparáveis que provoca. Refiro-me à incapacidade congénita para amar!
São pessoas que não se amam a si próprias, nem amam os outros; passam 24 horas a reclamar contra tudo e contra todos; neste momento os outros estão errados mas, no momento seguinte, eles também não estão certos do que gostam do que querem; não têm objectivos, caminham sem direcção!
Vivem numa luta constante sem conseguir reflectir que este comportamento não conduz à alegria, à felicidade mas sim a becos escuros e isolados! Ódio gera ódio e nunca amor e estima.
O seu ego é muito maior que o coração! Não sabem dar carinho mas, também, não o sabem receber!
Se é Verão é porque faz calor, se é Inverno faz frio, o contrário é que seria sempre bom! Digo seria, porque há sempre uma condicionante em cada instante da vida destas pessoas!
Não apreciam a luz do sol nem do luar, a brisa fresca numa noite de Agosto, um pôr-do-sol, as primeiras chuvas no final do Verão, o florir de uma planta, o sorriso no rosto de uma criança, até a própria família é um peso que "carregam" ! São hábeis em criar sentimentos de culpa naqueles que os rodeiam! A culpa do que fizeram e, também, do que não fizeram, é sempre dos outros e nunca deles!
Desta forma, os laços de amor fundamentais na edificação da estrutura psicológica de um ser humano não são criados e, estes, ávidos de amor ou conseguem colmatar esta lacuna ou não conseguem e são eles, também, seres marcadamente diferentes!
E porquê? Porquê? Tantos e tantos porquês sem resposta!
Porquê é que uns, invisuais, conseguem ver o brilho e a beleza de tantas e tantas coisas boas que a vida tem e outros, vendo, não as apreciam?
Será que é porque só valorizamos as coisas quando não as temos?
Não existirá uma grande proporcionalidade entre o amor que semeamos e o que colhemos?
Não será o amor a única essência da vida e tudo o resto materialmente efémero?
Porquê desperdiçar uma vida inteira, única e tão curta, vivendo ao contrário dela?
Deixar apenas uma marca negativa, porquê?
Para estas pessoas a palavra solidão, um dia, terá um sentido literal - estar só!
Aí, a culpa, certamente, também será dos outros!
Amar
É abrir o coração,
E tirar
Carinho, ternura
E dar!
Sem limite,
Sem hesitação
E esperar
Humildemente,
De ver no olhar
Doçura,
Somente!
Demos as mãos,
Entrelaçámos os dedos,
Com a voz do olhar
Trocámos segredos!
Cedendo ao desejo
Que ambos sentimos,
Num doce beijo
Os lábios unimos!
Ao sabor da paixão
Doces notas ecoaram
E ao som dessa canção
Dois corações se amaram!
Ao prazer abandonados,
Esquecemos a dor,
Nossos corpos colados
Trocaram amor!
Raios de sol
Na minha janela,
Não são de luz, não!
São pedaços de noite
Que fazem crescer
Minha imensa escuridão!
Por ti, nasci
Para o sonho
E vivi!
Por ti
Subi ao céu
Numa noite de luar,
Colhi uma estrela
E enfeitei o teu olhar!
Por ti
Meu coração ganhou asas,
Voou,
Minha alma floriu
E seu perfume exalou!
Sem ti
Não há estrelas,
Não há luar!
Perdi
A luz do olhar,
O sorriso teu!
Sem ti
O meu sonho morreu!
Com amor,
As teclas da tua pele dedihei
Suavemente,
E,
Ao sabor duma doce melodia,
Nossos corpos, num só,
Perdidamente,
Dançaram com alegria!
Pousando aqui, pousando ali, andava esvoaçando a mariposa, sem rumo nem direcção, apenas para passar o tempo!
De repente, pareceu-lhe ouvir soluçar, baixinho. Pousou numa urze que havia por perto e pôs-se a escutar!
- Ah! É mesmo verdade! - murmurou, aproximando-se para ver melhor!
- O que fazes aí pirilampo nesse canto escuro e escondido? E porquê é que estás a chorar?
- Estou muito triste! Sou muito feio e não tenho amigos, não tenho ninguém! - disse soluçando.
- Porquê é que dizes que és feio, pirilampo? - perguntou a mariposa.
- Só sei que sou feio. Não gosto dos meus olhos, são pequeninos, não gosto da minha cor, não gosto da minha voz, ... - e continuou!
- Não sabes o que estás a dizer, pirilampo. Os teus olhos quer sejam pequenos ou grandes há algo neles que é muito mais importante que o tamanho, a forma, ou a cor, sabes o que é?
- Não.
- É o olhar, é a sua doçura! Já pensaste se não pudesses ver a cor desta urze, por exemplo, o brilho das estrelas, a luz do luar, a mim que estou aqui ao pé de ti? - enquanto ia ouvindo atentamente, o seu choro ia ficando mais débil.
-Tens razão, mas a minha cor também não ajuda!
- O que é que tem a tua cor? És escuro mas, por isso, é que tens a capacidade de dar luz! Uma luz radiante que podes aproveitar para transmitir aos outros!
E a tua voz o que tem a tua voz? Estou aqui a falar contigo e ainda não notei nada?
- Ah! Ah! É que... - ia continuar a lamentar-se, mas a mariposa atalhou:
- A tua voz é a tua voz não há outra igual! Não há duas vozes iguais! Já pensaste naqueles que não podem falar porque não têm essa capacidade? O que conta são as palavras e o tom que serve para distinguir o sentimento com que as pronuncias. É esse registo que fica gravado no receptor: ditas com carinho, com indiferença ou com agressividade!
O tom que escolheres usar será directamente proporcional ao número de amigos que farás! Se não disseres nada como tens feito até aqui, ninguém poderá conhecer a cor do teu coração!
Em primeiro lugar aprende a gostar de ti próprio só assim poderás gostar dos outros e de estar com os outros! Depois, sai desse lugar escuro e escondido, acende a luz que há em de ti, ilumina o teu rosto de alegria interior espontânea, solta as palavras doces, meigas e verdadeiras que habitam no teu coração e em cada ser que encontrares, terás um amigo!
A vida é efémera, por isso, tem de ser vivida e apreciada, em cada instante, cada segundo! Mas, somos nós que temos de ir ter com ela, entrar nela e deixar a nossa marca, o nosso cunho que deverá ser, sobretudo, de amizade e de amor!
Quem estiver na vida com luz, amizade e amor nunca estará só!